quarta-feira, 21 de abril de 2010

Globo 45 anos. O Serra a gente vê por aqui.

Por Mateus Martins

     No último Domingo (18), no finalzinho do Fantástico, a Globo lançava a sua vinheta em comemoração aos 45 anos da emissora que serão completados em 2010. Porém, em menos de 24 horas depois, a propaganda foi suspensa devido às reclamações de membros da equipe de campanha de Dilma Rousseff. Petistas alegaram que o jingle fazia referência ao discurso e ao slogan de José Serra, que é o adversário direto de Dilma, e que tal semelhança poderia influenciar na disputa presidencial.
     A campanha de aniversário da Globo dava destaque à ideia de que o Brasil quer e pode mais. A vinheta chega a citar: "Todos queremos mais. Educação, saúde, (...). Brasil muito mais". Ou seja, tem um caráter político-social. No entanto, dias atrás, no Sábado (10), Serra lançava a sua candidatura em um evento em Brasília, no qual o candidato tucano proferia um discurso em que ele, em diversos momentos, enfatizou que o Brasil pode mais com a união de todos. E então, o questionamento que se faz é: A vinheta da Globo foi intencionalmente partidária e, realmente, queria associar o jingle com o discurso de Serra, se aproveitando da coincidência dos 45 anos com a legenda do PSDB?


     Responder a essa questão é fácil, uma vez que a história da Rede Globo é manchada no âmbito político por inúmeros episódios em que foi acusada de ser manipuladora e tendenciosa, de forma que a emissora sempre tenha se demonstrado de direita e, constantemente, faz uma diferenciação ao abordar feitos dos políticos direitistas e dos esquerdistas, priorizando aqueles que lhe convém. Com isso, outra pergunta que se levanta é: Por que manipular informações?
     A Globo se trata de uma empresa capitalista que, como qualquer outra, objetiva a dominação de seus "clientes" e procura atender seus próprios interesses. Portanto, a manipulação de informações nada mais é do que uma artimanha para exercer tal dominação ideológica sobre a sociedade, fazendo com que ela tenha a maioria a seu favor, compartilhando dos mesmos interesses e ideais.
     Enfim, a Rede Globo, que é o meio de comunicação, disparadamente, de maior influência e importância no Brasil, usa de seus telespectadores para atingir seus objetivos. Portanto, se o governo que lhe favorece é o de direita (este ano representado por Serra), a Globo, então, buscará de maneira sutil e quase imperceptível manipular o povo para que o seu candidato se eleja. Dessa forma, conclui-se que o comercial em comemoração aos 45 anos da emissora teve o objetivo de transpassar uma mensagem (propaganda eleitoral) implícita. E, por isso, sem muitas delongas, ele foi retirado do ar.

     Observações:
     Sabe-se que a credibilidade de uma emissora se dá pela qualidade daquilo que é transmitido, mas também, um meio de comunicação de tão grande importância e influência no Brasil, como a Globo, deve ser imparcial e retratar informações abrangentes que façam o telespectador refletir e construir a sua própria opinião e interpretação. Ou seja, não é admissível que a Globo declare publicamente seu posicionamento em relação à disputa presidencial e mais, não se deve manipular a sociedade por meio de uma propaganda implícita.

Portanto, independentemente de qualquer posicionamento político, devemos abrir os olhos e nos voltar contra a essa prática rotineira da Rede Globo.

domingo, 11 de abril de 2010

A omissão que mata

Por Ruth de Aquino
Revista Época


     Quem mora lá no morro já vive pertinho do céu. A canção composta por Herivelto Martins em 1942, “Ave Maria no morro”, é um exemplo da relação romântica entre o Rio de Janeiro e a favela. Um amor com final trágico e previsível. Como todos vimos na semana passada, eram pobres e favelados as vítimas da tempestade no Estado. E quem matou essas famílias não foi a fúria das chuvas. Mas governos negligentes, paternalistas, demagogos e irresponsáveis.
     O crime mais revoltante foi cometido pelo prefeito Jorge Roberto Silveira, de Niterói. “Eu sabia do lixão ali, mas nunca tinha havido nenhum incidente.” Foi a declaração inocente do prefeito do PDT. O Morro do Bumba abrigava uma comunidade inteira, com casas, igreja, pizzaria, bares e creche. Tudo sobre um lixão tóxico, desativado em 1986. A comunidade floresceu sob a vista complacente e amiga de Jorge Roberto, o prefeito nunca parou para pensar que estava cavando a sepultura de 150 pessoas ou mais, segundo cálculos de moradores.
     Por que o lixão desativado não foi cercado por ele? Não era um morro qualquer. Era um amontoado de matéria orgânica que apodrecia e soltava gás metano, um gás explosivo. Aquilo não era um solo. Era uma bomba-relógio. “Você sabe, num país como o nosso, é muito difícil impedir assentamentos irregulares ou remover moradores de áreas de risco”, disse Jorge Roberto. “Tentei o possível, tentei o máximo.” O máximo.
     O Morro do Bumba, com sua lama negra de detritos que desceu de uma altura de 600 metros, é o maior retrato da demagogia que pune os pobres. É o resultado da ausência de uma política habitacional para famílias de baixa renda. É a improvisação do salve-se quem puder. É o retrato de gerações de políticos que jamais pensaram a longo prazo, no bem-estar da população e das cidades.
     “O que está acontecendo é resultado de anos de demagogia em relação à favela”, diz a antropóloga carioca Alba Zaluar. “É incrível que essas tragédias ocorram em lugares com nomes como Morro dos Prazeres ou Chácara do Céu. As favelas historicamente eram cenários de sambas lindos, espaços de poesia e criatividade. Com o tráfico de drogas, essa visão romântica foi abalada.”
     Um barraco pode ser o único patrimônio de uma família. Mas é preciso que o poder público rompa a ideia de que essa afetividade é sinônimo de segurança, em vez de transformar a favela em seu curral eleitoral. “É a própria política que ajuda a construir a noção de que a casa é própria, mesmo que esteja no meio de um barranco que pode cair a qualquer momento”, diz Alba. “E toda a sociedade é conivente com essa ideia.”
     Sonho de qualquer cidadão, a casa própria nasce muitas vezes do tijolo e do ferro doados por políticos – não importa sobre que terreno ou com que engenharia a obra será erguida. “São esses mesmos políticos que, tempos depois, buscarão apoio da Justiça ou organizarão manifestações populares para evitar a desapropriação e a remoção – auxiliados por ONGs e movimentos sociais”, diz Fernando Kerzman, presidente da Associação Brasileira de Geografia e Engenharia Ambiental (ABGE).
     “É nesses momentos que a gente se orgulha de ser brasileiro”, disse o prefeito Jorge Roberto, diante da língua negra de lama e lixo apodrecido que soterrou seus eleitores. Não pude acreditar. Ele dizia, na televisão, que tudo estava “sob controle” e se confessava emocionado com a solidariedade do presidente Lula e dos bancos.

sábado, 10 de abril de 2010

"Estou mais preparado"

Fonte: Revista Época


     ÉPOCA – O que o credencia para presidir o Brasil? Por que um brasileiro deve votar no senhor?
     Serra –
Eu me considero preparado para esse desafio. É algo para o qual eu talvez tenha me preparado a vida inteira. Mas esse não é um julgamento meu. É um julgamento feito pelos partidos e pelas pessoas. Passa por outras instâncias, no nível político e no nível da sociedade. Você se candidatar e chegar à Presidência, além de uma decisão pessoal, envolve muito destino. 

     ÉPOCA – O senhor está entrando agora em sua segunda campanha presidencial.
     Serra – Minha nona eleição.

     ÉPOCA – O que mudou em relação à última campanha presidencial, em 2002?
     Serra –
Aprendi bastante desde lá. Aprendi com a derrota. Aprendi com a reflexão. Aprendi com a prefeitura, aprendi com o governo de São Paulo. Para mim, a vida é um constante processo de aprendizado. Eu me considerava preparado em 2002. Mas hoje eu estou mais preparado que em 2002.

     ÉPOCA – O senhor foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), deputado constituinte, senador, ministro, prefeito, governador. Essa longa trajetória o preparou para essa candidatura?
     Serra –
Eu já disse mais de uma vez que carrego comigo tudo aquilo que eu fui. Eu trago as pessoas de minha época em meu imaginário. Eu não tenho nenhum mal-entendido com meu passado. Eu carrego comigo a infância, numa vila operária, meu pai trabalhando todos os dias do ano, exceto no dia 1º de janeiro. Era uma vida modesta. Era filho único, o que me permitiu estudar. Depois, vivi a minha vida universitária e a política estudantil com muita intensidade, pois era um momento agitado da vida brasileira. Na época da UNE, tive uma convivência estreita com a grande política do país e conheci todo o Brasil. Depois, foram 14 anos afastados do Brasil, 13 no exílio. Do exílio, via o Brasil como um todo. Tive minha formação acadêmica, minha vida de professor e pesquisador. Diga-se de passagem, eu vivi dois exílios: o do Brasil e o do Chile, porque lá eu fui preso e acabei sendo exilado ao quadrado. Eu voltei para o Brasil ainda a tempo de participar da batalha da redemocratização. E aí tem essa trajetória que você aponta: secretário, deputado constituinte, coordenador do programa de governo do Tancredo. Então eu acho que colhi ao longo da vida muita experiência política administrativa e, ao mesmo tempo, muita vivência daquilo que é o Brasil.

     ÉPOCA – Nesse período, sua visão do Brasil mudou bastante, não?
     Serra –
Tudo mudou, né? No Brasil, no mundo... O que não mudou é minha disposição de me dedicar à vida pública e de lutar para que o Brasil seja um país que ofereça oportunidades para sua população. O que os brasileiros querem? É ter mais oportunidades na vida. Isso é o essencial.

     ÉPOCA – O senhor é candidato da oposição a um governo com altíssimos índices de aprovação, segundo as pesquisas. Como convencer o eleitor a votar no senhor?
     Serra –
O tema da eleição é o futuro, não é o passado. As pessoas vão eleger quem vai dirigir o país nos próximos anos. O Lula não é candidato, e a Dilma não é o Lula. Tem a Marina (Marina Silva, candidata do PV), que é uma novidade. Nós vamos dar um passo para o futuro a partir de um diagnóstico atual sobre o que pode ser feito para o Brasil ter mais. Basicamente isso.

     ÉPOCA – Qual é sua avaliação sobre o governo Lula? Foi um avanço para o país?
    Serra –
Trouxe alguns avanços, sim. Acho que, por exemplo, foi bastante ágil durante a crise internacional.

sábado, 3 de abril de 2010

Vida Nova

Por Isabella Farinazzo


     Olá meu leitores chocólatras! Espero que a semana tenha sido boa! E que o feriado tenha sido ótimo! Vamos falar agora de um assunto constante nesse final de semana: Páscoa!
     Sim, esse final de semana é na verdade, um momento de reflexão, para todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo. Eu sou uma delas. Mas apesar disso, o mundo também usa esse final de semana para que todos comprem e comam muuuito chocolate!
     Por isso, resolvi falar sobre todos os assuntos que envolvem a páscoa, em si. O que essa data representa para as pessoas e para o mundo.
     Então vamos começar por partes, claro! O termo “páscoa” vem, principalmente, de ‘Pesach’ cujo significado é passagem. Nas civilizações antigas esse era a data de passagem do inverno para a primavera. Para os judeus marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durante vários anos. Os cristãos celebram nessa data, a ressurreição de Cristo. Também existe o coelhinho da Páscoa pois ele representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas. E como em ambos os casos a Páscoa representa a nova vida, o coelho se tornou um simbolo. Mas e o ovo?
     Quando os povos antigos iam comemorar a chegada da primavera, pintavam ovos para representar algumas gravuras importantes e comemorativas para eles. Esses povos, realizavam um ritual de adoração para a deusa Ostera, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, ela aparecia com um coelho segurando ovos. Juntos aí existiam três simbolos concretizando a idéia de fertilidade e vida nova. Então em 325 d. C. A Igreja adotou esses símbolos usando com frequencia junto com imagens de Jesus Cristo e Maria. Mais tarde na Idade Média, os reis costumavam presentear a si mesmos com ovos feito de ouro e pedras preciosas. Até foram ocorrendo mudanças e chegamos ao famoso (e delicioso – além de muito mais acessível), ovo de chocolate.
     A ideia de presentear com ovos foi seguindo adiante se agravando até que os franceses tivessem a maravilhosa, e até então inédita, idéia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História. A idéia ficou famosa, todos gostaram, se espalhou pelo mundo e agora a páscoa é , com certeza, a época do ano que as empresas de chocolate mais gostam, haha.
     Então, comam muito chocolate, com gosto de vida nova durante esse fim de semana; não engordem muito; dividam comigo; cuidado com as espinhas; reflitam sobre todo o significado desse final de semana; e tenham um ótimo sabado.
     Até a próxima, e não se esqueçam de deixar os seus comentários, que são muito importantes para nós aqui do Abra-Aspas.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A greve se faz necessária

Por Laís Campelo


     A “Lei da mordaça”, que proibia os funcionários públicos de falarem com a imprensa, foi ressuscitada pelo Governo José Serra (PSDB) para evitar que a população tome conhecimento das deficiências da rede estadual de ensino e da amplitude da greve dos professores. A imposição da “mordaça” está expressa em memorandos enviados por email às direções das escolas estaduais. Um deles diz o seguinte:
     “Prezados Diretores
     Agradecemos a preciosa atenção em relação aos informes sobre os números de professores que estão aderindo à greve. Entretanto, em virtude dessa paralisação, a imprensa está entrando em contato diretamente com as escolas solicitando dados e entrevistas. Solicitamos ao Diretor de Escola para não atender a esta solicitação.
     Solicitamos que o número de professores paralisados sejam dados reais, visto que os mesmos não estão batendo com os dados da Secretaria da Educação.”

     Segundo a pasta, 1% das escolas no Estado está parado. Já o sindicato da categoria fala em mais de 60% dos 215 mil professores em greve. O governo afirmou que a orientação da diretoria regional "é para que os pedidos de jornalistas às escolas sejam encaminhados à assessoria de imprensa da Secretaria da Educação".
     A greve dos professores da rede estadual de São Paulo iniciou-se em 8 de março e continua em andamento. Entre os principais motivos que originaram a manifestação, estão: A duzentena, em que os professores da categoria O, após término de contrato, ficarão 200 dias afastados das salas de aula. (“Acaso deixaremos de precisar trabalhar durante 200 dias? Nossos filhos deixarão de comer durante 200 dias? Sob quais argumentos o governo aprovou uma lei tão absurda e sem sentido? O que parece é que a lei é um desestímulo a que os professores participem das atribuições de aula, e cubram licenças como professores eventuais” diz o professor Luciano Lira); a qualidade dos materiais enviados às escolas com aulas já prontas, além de tirar a autonomia e liberdade do professor, são consideradas de péssima qualidade, apresentam erros grotescos e propõem exercícios patéticos que pouco ou nada contribuem para o avanço dos alunos; a prova do SARESP que demonstra resultados não condizentes com a realidade. O aluno, pela progressão continuada, reprova apenas no caso de exceder o número de faltas permitidas, o que implica um alto índice de aprovação de alunos, porém não significa que eles possuam as habilidades e competências necessárias; salas lotadas que dificultam o ensino e diminuem sua qualidade, em relação a classes com o número de alunos reduzido; auxílio alimentação e o vale-transporte apelidado de “vale-coxinha”. (“Quem consegue receber o “benefício” sabe que ele é tão vergonhoso quanto o nosso salário. E aí? Dar mais aulas e ultrapassar o "limite" de salário para receber o vale-coxinha ou ficar com o vale-coxinha e dar menos aulas?” Indaga o mesmo professor Luciano Lira); o salário base, que hoje não chega aos R$ 950,00, considerado pouco para quem trabalha dentro e fora da escola – corrigindo prova, preparando aula, atualizando-se, fora as agressões físicas e verbais que, não raramente, sofrem na sala de aula; a segregação da categoria em letras, segundo eles, sugestivas (como O de otário, L de lixo, F de.. pois é) e com a intenção de enfraquecê-la e colocar professores uns contra os outros; falta de concursos públicos – Cerca de 80.000 professores admitidos em caráter temporário (ACTs) enfrentam dificuldades no momento da aposentadoria ou do acesso a benefícios de um efetivo. Neste ano de eleição, o governo realizará um concurso para efetivação dos mesmos; Entretanto, esta é encarada como uma manobra política ilusória, com o intuito de afastar ‘professores incompetentes’ e responsabilizá-los pela falência da Educação, ao invés do próprio Governo; atuação de professores não-formados universitários.
     Para o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (APEOESP), a medida "fere a liberdade de expressão". A professora Luzir Cristina Gomes, que dá aulas de Filosofia em três escolas de Embu Guaçu, conta que professores e diretores estão sendo pressionados. "Dependendo da escola, você sofre pressão do diretor para não aderir. Caso o diretor seja favorável à greve, é ele que sofre pressão da diretoria de ensino."
     Eu acredito que a Educação seja a base de toda a sociedade, e tudo o que dela provém. Se quisermos mudar alguma coisa nesse país, devemos primeiramente nos dirigir e investir nela.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

1º de Abriiiiiiiil!!!

Por Marília Fittipaldi



     Olá leitores.
     Hoje é o dia da mentira. Apesar da proximidade com a páscoa, há também nesta época um dia de muita “brincadeira”, o dia da mentira, que surgiu ao trocarem o começo do ano, que na França era no inicio da primavera, pelo dia 1º de janeiro; os que resistiram à mudança começaram a ser ridicularizados recebendo convites de festas de reveillon que aconteceriam no dia 1 de abril, antigo reveillon da época, mas que nunca aconteciam.
     O que começou como brincadeira, na verdade sempre foi usado de diversas formas e é até hoje. Não sou esmera mentirosa, nem quero soar politicamente incorreta. Mas convenhamos, quem nunca mentiu? Quem nunca precisou deste artifício para se safar de situações constrangedoras ou vexaminosas? Somos humanos e isso, queiram ou não, faz parte do nosso universo selvagem.
     Em uma breve pesquisa, podemos encontrar mandamentos de mentirosos, mas talvez isto não seja o ideal. Recorri, portanto, às dicas de como saber se alguém esta mentindo, e algumas coisas ficaram claras o suficiente para que eu possa dizer como pregar aquela mentirinha de 1º de abril, ou aquela farsa pra toda vida. O método, em geral, é o mesmo.
     Pra começar, só minta quando realmente for necessário, ficar com fama de mentiroso pode te atrapalhar; é a velha história do menino e as ovelhas: se você mente muito, uma hora não vão mais acreditar. Além de que, quem mente demais começa a se contradizer, misturar as mentiras, esquecer o que disse, então selecione seus alvos e escolha apenas as situações de extrema necessidade. Para ajudar neste ponto, vale também não detalhar demais, assim fica mais fácil lembrar do que foi dito. Só dê os detalhes que lhe forem perguntados.
     Se ainda assim você precisar mentir, é indispensável que você mesmo acredite na sua mentira, se você não acreditar, ninguém vai. Principalmente se o alvo escolhido for alguém muito desconfiado, ou muito mentiroso.
     O pior vilão de quem está a fim de mentir, é seu próprio corpo. O nervosismo e as ações involuntárias podem te denunciar. Mantenha-se calmo, olhe nos olhos, controle as piscadas, o suor, as gaguejadas, a vermelhidão do rosto e os possíveis e impossíveis tiques nervosos, atue com naturalidade e tome cuidado com a entonação. Emoção demais dá um tom de dramático e por vezes, falta de emoção ajuda a parecer que estás falando de algo comum e que não tem nada demais naquilo.
     Mentir por improvisação é o pior que se pode fazer. Esta eu admito que tentei, tentei. Não me dei bem exatamente porque não treinei. Não que o treino de quem quer mentir seja ficar mentindo, mas pense no que você vai dizer antes, imagine os possíveis questionamentos e elabore as respostas para todos eles, já que se opor à alguma pergunta, é se entregar; da mesma forma que mudar expressão ou negar com ênfase caso lhe perguntem se esta mentindo. Pense em todas as hipóteses e argumentações, e tenha uma carta na manga pra tudo. Já que você vai se programar para a mentira, coloque verdades nela. Uma forma de entender isso é o exemplo dado pelo site: “Se você quer que alguém coma um bombom envenenado, você, obviamente, não dará apenas aquele bombom. A probabilidade de a pessoa comê-lo é muito menor do que se ele vier numa caixa, cercado de bombons limpos, saborosos e perfeitamente saudáveis.”, ou seja, admita pequenos erros, coloque atrasos possíveis de terem acontecido, diga que se esqueceu, por exemplo; isso provoca a sensação de que você não estaria mentindo, já que esta admitindo certos erros.
     Por fim, existem duas frases que não se deve dizer: “Eu já menti pra você alguma vez?” é apelativo e “Quem mente é você!” é o tipo de acusação que maus mentirosos fazem para projetar a culpa no outro e fazê-lo sentir culpado; se a pessoa não estiver mentindo mesmo, isso pode ser um tiro no seu próprio pé.
     O mais importante, como já dito, é sempre evitar mentiras e não estudar como fazê-las. A verdade é sempre melhor, não te causa nervosismo e constrói relações mais densas e baseadas na confiança.
     Aos ouvintes de mentirosos, servirei de advogada do diabo ao lhes dizer para que, caso a mentira seja descoberta, tentem entender e escutar as razões da mentira ter sido dita, pensem se vocês não são o tipo de pessoa que se transtorna e causa dramas quando alguém que contar a verdade.
     A todos, pensem e reflitam antes de tudo, antes de contar uma mentira ou melhor ainda, antes de fazer coisas que lhe obrigarão a mentir. Não sejamos escravos dos nossos erros.