sexta-feira, 2 de abril de 2010

A greve se faz necessária

Por Laís Campelo


     A “Lei da mordaça”, que proibia os funcionários públicos de falarem com a imprensa, foi ressuscitada pelo Governo José Serra (PSDB) para evitar que a população tome conhecimento das deficiências da rede estadual de ensino e da amplitude da greve dos professores. A imposição da “mordaça” está expressa em memorandos enviados por email às direções das escolas estaduais. Um deles diz o seguinte:
     “Prezados Diretores
     Agradecemos a preciosa atenção em relação aos informes sobre os números de professores que estão aderindo à greve. Entretanto, em virtude dessa paralisação, a imprensa está entrando em contato diretamente com as escolas solicitando dados e entrevistas. Solicitamos ao Diretor de Escola para não atender a esta solicitação.
     Solicitamos que o número de professores paralisados sejam dados reais, visto que os mesmos não estão batendo com os dados da Secretaria da Educação.”

     Segundo a pasta, 1% das escolas no Estado está parado. Já o sindicato da categoria fala em mais de 60% dos 215 mil professores em greve. O governo afirmou que a orientação da diretoria regional "é para que os pedidos de jornalistas às escolas sejam encaminhados à assessoria de imprensa da Secretaria da Educação".
     A greve dos professores da rede estadual de São Paulo iniciou-se em 8 de março e continua em andamento. Entre os principais motivos que originaram a manifestação, estão: A duzentena, em que os professores da categoria O, após término de contrato, ficarão 200 dias afastados das salas de aula. (“Acaso deixaremos de precisar trabalhar durante 200 dias? Nossos filhos deixarão de comer durante 200 dias? Sob quais argumentos o governo aprovou uma lei tão absurda e sem sentido? O que parece é que a lei é um desestímulo a que os professores participem das atribuições de aula, e cubram licenças como professores eventuais” diz o professor Luciano Lira); a qualidade dos materiais enviados às escolas com aulas já prontas, além de tirar a autonomia e liberdade do professor, são consideradas de péssima qualidade, apresentam erros grotescos e propõem exercícios patéticos que pouco ou nada contribuem para o avanço dos alunos; a prova do SARESP que demonstra resultados não condizentes com a realidade. O aluno, pela progressão continuada, reprova apenas no caso de exceder o número de faltas permitidas, o que implica um alto índice de aprovação de alunos, porém não significa que eles possuam as habilidades e competências necessárias; salas lotadas que dificultam o ensino e diminuem sua qualidade, em relação a classes com o número de alunos reduzido; auxílio alimentação e o vale-transporte apelidado de “vale-coxinha”. (“Quem consegue receber o “benefício” sabe que ele é tão vergonhoso quanto o nosso salário. E aí? Dar mais aulas e ultrapassar o "limite" de salário para receber o vale-coxinha ou ficar com o vale-coxinha e dar menos aulas?” Indaga o mesmo professor Luciano Lira); o salário base, que hoje não chega aos R$ 950,00, considerado pouco para quem trabalha dentro e fora da escola – corrigindo prova, preparando aula, atualizando-se, fora as agressões físicas e verbais que, não raramente, sofrem na sala de aula; a segregação da categoria em letras, segundo eles, sugestivas (como O de otário, L de lixo, F de.. pois é) e com a intenção de enfraquecê-la e colocar professores uns contra os outros; falta de concursos públicos – Cerca de 80.000 professores admitidos em caráter temporário (ACTs) enfrentam dificuldades no momento da aposentadoria ou do acesso a benefícios de um efetivo. Neste ano de eleição, o governo realizará um concurso para efetivação dos mesmos; Entretanto, esta é encarada como uma manobra política ilusória, com o intuito de afastar ‘professores incompetentes’ e responsabilizá-los pela falência da Educação, ao invés do próprio Governo; atuação de professores não-formados universitários.
     Para o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (APEOESP), a medida "fere a liberdade de expressão". A professora Luzir Cristina Gomes, que dá aulas de Filosofia em três escolas de Embu Guaçu, conta que professores e diretores estão sendo pressionados. "Dependendo da escola, você sofre pressão do diretor para não aderir. Caso o diretor seja favorável à greve, é ele que sofre pressão da diretoria de ensino."
     Eu acredito que a Educação seja a base de toda a sociedade, e tudo o que dela provém. Se quisermos mudar alguma coisa nesse país, devemos primeiramente nos dirigir e investir nela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário