Por Jocelyn Auricchio
Estado de S. Paulo
A reciclagem de lixo tecnológico é, além de necessária para a manutenção do meio ambliente, um bom negócio. Países do terceiro mundo são vorazes consumidores do lixo vindo de países como EUA, Japão e Reino Unido.
Apesar da Convenção da Basileia, instituída pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente para proibir o envio de cargas tóxicas para países pobres ou em desenvolvimento, muitas cargas de lixo tecnológico acabam atravessando os oceanos.
A China é um consumidor voraz de lixo tecnológico. Garrafas PET, eletrônicos, tudo serve como matéria prima barata para as indústrias. Em vez de gastar energia e recursos na obtenção dos insumos, como plásticos, cobre, alumínio e prata, é muito mais econômico explorar a mão de obra barata na obtenção desses materiais diretamente do lixo.
A cidade chinesa de Guiyu, na província de Guangdong, é um pesadelo ecológico. Lá fica o fica o maior depósito de lixo tecnológico do mundo. Há 5 horas de carro de Hong Kong, a cidade não se presta para a agricultura. Como fonte de renda, a reciclagem rapidamente se tornou uma saída.
O governo local tem se esforçado em melhorar as condições do local, mas é comum ver nas ruas pessoas queimando placas de componentes em fogareiros para extrair o chumbo. A simples inalação dos vapores emitidos pode causar paralisia, E ninguém usa proteção.
Apesar do processo de reciclagem retirar do ambiente elementos potencialmente perigosos, o manejo inadequado dos materiais acaba sendo mais danoso. O próprio chumbo, que é inerte quando combinado com outros metais, se torna um problema de saúde pública quando liberado pelo calor. Além de danos neurológicos, o chumbo pode causar várias doenças ósseas.
Existe uma diretiva internacional que bane o uso de materiais perigosos em produtos tecnológicos. Para vender no mercado europeu, as empresas precisam se adequar à essas normas.
Mas, além de poucas indústrias se capacitarem para o processo de fabricação mais limpo, existe uma infinidade de produtos antigos que precisam de destinação.
Enquanto a comunidade internacional não se mobilizar para diminuir o consumo de produtos que utilizam materiais perigosos, a quantidade de lixo tóxico só vai aumentar.
Empresas como a Apple, que decidiu utilizar apenas materiais verdes em seus produtos, utilizam sua força de mercado de forma positiva.
Se o consumidor vai conseguir entender que o preço mais alto que alguns produtos têm também trazem responsabilidade ambiental e social, só o futuro dirá.
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