terça-feira, 23 de março de 2010

Quando a brincadeira deixa de ser divertida

Por André Sollitto
Revista Época


     O ciberbullying está se tornando cada vez mais comum. A Safernet, uma organização que busca a segurança na internet, fez uma pesquisa voltada para os jovens. O resultado mostra que 35,2% dos jovens já sofreram ameaças e provocações por meio da internet.
     Os adolescentes com idade entre 13 e 15 anos são os mais atingidos pela prática. As provocações são feitas, em geral, por colegas de escola, em sites de relacionamento. Começa com um apelido, uma pequena provocação, que acaba se espalhando e ganhando novas dimensões. “No Brasil, ainda não existe a compreensão da internet como espaço público. Todos podem ler o que está escrito”, afirma Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da Safernet.
     Não existe uma solução definitiva para o problema. O que pode ser feito é dar orientação e mostrar que ciberbullying não é brincadeira. “Os jovens acham que é difícil encontrar o culpado pelas provocações. Quando eles descobrem que existe punição, a prática acaba sendo minimizada”, afirma Nejm. Algumas escolas já incluíram em sua grade palestras de orientação.
     Os pais também têm um papel fundamental quando o assunto é ciberbullying. Especialmente depois que os jovens se tornaram vítimas. É imprescindível dar apoio moral, para que o adolescente não acredite nas brincadeiras de que é vítima. Os pais também não devem proibir o uso da internet em casa, pois isso só facilita a ação dos colegas. “O jovem acaba usando na lan house, na casa do amigo, na escola... Devem-se colocar limites, como no caso de outros espaços públicos”, diz Nejm. Os pais podem estar presentes, orientando o filho ao mesmo tempo que conhecem seu círculo de amizade.
     O ciberbullying é crime quando possui enquadramento penal, como racismo, calúnia, difamação, ameaças de morte. O promotor de Justiça Lélio Braga Calhau, autor do livro Bullying – O que você precisa saber, diz que a maioria dos casos registrados acaba arquivada por falta de provas. “É preciso dar print screen nas páginas, salvar as provas, para facilitar a identificação do agressor”, diz. Em seguida, a vítima deve procurar a delegacia de crimes virtuais.
     Esse caminho da justiça deve ser o último a ser percorrido. “Sempre é possível mediar o problema”, afirma Nejm. Com orientação e apoio dos pais e da escola, a prática pode ser evitada e seus danos, minimizados.

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