sexta-feira, 19 de março de 2010

O jogo dos Sete Erros

Por Laís Campelo

     Nesta quarta feira, tive a oportunidade de assistir ao Globo News, pela manhã. Muitas matérias interessantes me fizeram parar meus afazeres para acompanhar o jornal do início ao fim, e entre tantos assuntos, um em especial me chamou a atenção.
     Um garoto de treze anos.
     Uma família pobre.
     Um vício.
     Três fatores que, agregados um ao outro, transformaram essa história de cotidiana a tragicômica.
     O referido garoto, tendo começado a furtar para sustentar seu vício em crack, foi acorrentado pela mãe ao pé de sua cama. Sim, acorrentado, e com direito a dois cadeados. Segundo ela, o menino chega a dormir três dias consecutivos, torna-se agressivo ao acordar e passa mal ao se alimentar.
     A polícia bateu à porta da casa do pequeno meliante, descobriu pela boca da mãe que o garoto estava acorrentado, e disse: ‘Se seu filho não morrer nas nossas mãos, morrerá na dos traficantes’.
     Até aí, uma manchete corriqueira, quase posso ouvir a narração angustiada do Datena. Mas é exatamente neste ponto que a história torna-se absurda, talvez inacreditável.

     A mãe foi denunciada e vai responder por maus tratos!
     Totalmente abismada, depois do choque, comecei a questionar: As leis brasileiras são realmente aplicáveis? Pois, no meu ponto de vista, elas deixam de enfocar os problemas nacionais mais urgentes e racionais!
     Por que, ao invés de condenar a coitada da mãe que apenas gostaria de ver o filho vivo e saudável, o Governo não cria maiores e mais abrangentes programas de reabilitação para famílias como esta, que não possui condições de custear o tratamento? Além do que, o paciente também precisa concordar com a internação – missão praticamente impossível, na situação acima descrita.
     E não é somente dentro desta esfera política que o questionamento é válido. Há outros tantos infinitos temas que precisam ser readequados à sociedade brasileira, como a pirataria!
     Você sabia que atualmente, cerca de 63% desta população admite comprar produtos pirateados? E que este é um crime passível de prisão por até quatro anos, além de multa, por recepção de objeto ilegal e ferir a licença de copyright?
     Pois é. Imagine mais de 110 milhões de pessoas nas cadeias.
     Visualizou? Se neste momento, em que nossos presídios estão superlotados, ainda com milhares de assassinos e corruptos à solta, imagine se levarmos nossas próprias leis ao pé da letra.
     Quem precisa mudar? O povo ou a Constituição?

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