segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O sentimento de individualismo

Por Letícia Ribeiro

     Para começar a coluna de hoje, venho a relatar-lhes um fato:
     "Ela era uma garota, com suas roupas despojadas, unhas vermelhas, cabelo desarrumado, não gostava de maquiagem, o tipo incomum de garota estereotipada. Correu pelo corredor do ônibus e sentou-se ao lado de um homem de meia idade, ele lia um livro qualquer, já ela escutava o áudio em seu Ipod. Eles seguiram o percurso sem pronunciar uma palavra, ou fazer um gesto um ao outro. Ambos sabiam que isso era comum nos dias de hoje, ambos sabiam que isso se chamava INDIVIDUALISMO".



     Atualmente é muito comum vermos cenas assim em nosso cotidiano. O homem acabou se tornando símbolo do seu próprio “eu” esquecendo-se de quem estava ao seu redor. O uso excessivo da tecnologia também fez com que esse sentimento de individualismo se sobressaísse sobre a população, os “brinquedinhos” tão famosos do século parecem preencher sentimentos que faltam.
     Todo esse individualismo misturado com egocentrismo faz com que aumente os tipos de doenças de pessoas solitárias, principalmente o índice de depressão da população. Um dos fatores que levam a isso é a falta de ter alguém com que conversar, desabafar os problemas, ser amigo, receber conselhos.
     Acredito que o individualismo tem de existir, todos nós precisamos de um tempo sozinho, mas não se deve deixar que esse tempo se prolongue por nossa vontade e se torne a conhecida solidão.
     Por isso não peço, não rogo, não imploro a vocês, apenas espero que reflitam sobre esse tema, que muitas das vezes se concretiza despercebido. Da próxima vez que tiver a oportunidade de sentar-se ao lado de alguém no ônibus, ou numa estação de trem, ou até mesmo de compartilhar a mesma mesa na praça de alimentação do shopping, seja gentil. Não que você deva contar sua vida inteira, ou dar conselhos para uma pessoa que você nem conhece, mas apenas permita-se ampliar seu interior, mesmo que não utilizar palavras, um simples sorriso traduzirá o que se passa na sua alma, e esta ação poderá não ser nada para você, mas quem sabe talvez essa pessoa a quem você sorriu não tenha recebido ou nem mesmo saiba mais o que é sorrir.
     Leitores, ninguém é uma ilha, somos seres humanos, seres que necessitam de outros seres, seres que necessitam de si mesmos, seres que necessitam da palavra chamada COMPANHEIRISMO.

Um comentário:

Xila disse...

O lado egocentrico do homem é fundamental para conceitos subjetivos e introspectivos, entretanto, tais pontos afetam significantemente suas relações sociais, coletivas e de companheirismo.
Os momentos em que preferimos ficar sozinhos, os lápsos de reflexão individual ou até mesmo o chamado "amor próprio", são as membranas que fortalecem nossa concepção de auto-avaliação/auto-conhecimento.
Começamos a ficar de pé no ônibus (mesmo sabendo que existe um lugar ao lado daquele que não conhecemos), ignoramos o fato de o indivíduo ao lado estar com a camiseta de nossa banda preferida e até mesmo deixamos de dar bom dia para o mesmo motorista que nos leva toda manhã para o trabalho/escola/cursinho. Quando os pilares da subjetividade se fortalecem a ponto de diminuir a necessidade de comunicação interpessoal, passamos por todas estas situações e nem percebemos. (Como muito bem colocado pela Leh,nehh Leh)
O ideal é que passemos a perceber estas faltas de socialização. Quantas vezes deixaimos de conversar, conhecer alguém somente por nos contentarmos sós? Depois de desenvolvido tal senso, o "network" ocorrerá por si só.

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