sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Introduce Yourself

Por Marina Luar

     “Introduce yourself”, a frase já íntima daqueles que fizeram intercâmbio. Apresentar-me tornou-se uma rotina, portanto, um tanto quanto mais fácil do que há um ano atrás. Bom, meu nome é Marina, tenho dezessete anos e faz seis meses voltei para o Brasil após viver um ano na Holanda.
     Começarei escrevendo no blog sobre a experiência (maravilhosa, diga-se de passagem) de morar por um tempo no exterior, as vantagens e desvantagens de o fazer como intercambista, enfim, vou expor um pouco do que foi o ano de 2008 e 2009 para mim, e espero que gostem.
     Obviamente é muito difícil transcrever um ano de vida, ainda mais quando ele se passa num cenário totalmente diferente do que sempre foi, mas tentei dividir em etapas e assuntos mais relevantes e interessantes. À começar pelo começo, se assim me permitem.
     Na verdade é díficil julgar o que foi o começo, afinal nem eu mesma me lembro quando surgiu a primeira idéia de morar fora. Foi algo sempre tão presente ao longo da minha existência, esse desejo de conhecer o mundo, de saber como pessoas de outras culturas comportam-se, relacionam-se, falam, cheiram, brincam, beijam... sempre tive muita curiosidade, e acho que foi esse o fator que mais me impulsionou à procurar o AFS (American Field Service), uma ong que trabalha com intercâmbio. O que aconteceu foi que, em meados de agosto de 2007, meu melhor amigo já tinha iniciado o processo de seleção que a organização faz, e eu levei o maior susto do tipo “se quizer ir tem que correr atrás”. Foi então o primeiro momento que me vi lutar por um sonho – soou piegas, eu sei, mas é a pura verdade.
     Minha mãe não queria de jeito nenhum que eu fizesse intercâmbio, imaginem só, a nenenzinha da mamãe, de apenas dezesseis anos indo morar por um ano do outro lado do mundo! Sozinha, sem conhecer ninguém, sem falar a língua... acho que por essa perspectiva qualquer mãe pensaria várias vezes antes de autorizar seu filho à embarcar em tal aventura. Inclusive a minha, que só foi convencida a muito custo, muito esforço, muito choro, muito escândalo...
     Enfim, convencidos minha mãe de deixar e meu pai de pagar, me inscrevi no processo de seleção, que na verdade só seleciona o país pra onde você vai. Dependendo do seu desemprenho eles te oferecem as vagas mais concorridas de destinos. No início de todo o processo você faz uma lista com algumas opções de países, se não me engano eram seis, enumerados por ordem de preferência. Acho que ninguém tem noção do parto que foi fazer a tal lista, queria ir pro mundo inteiro. Pensava que pra me satisfazer deveria fazer uns dez intercâmbios.
     Essa seleção consiste em uma entrevista, uma redação, dinâmicas de grupo e desempenho escolar. Soa um tanto assustador, mas foi muito tranquilo, principalmente pelo número pequeno de concorrentes. A maioria ali queria ir para os EUA, Canadá ou Austrália, o que me deixava mais tranquila ainda. Mas o que sempre acontece é que com o AFS as pessoas acabam indo para os lugares mais inusitados, já que não é você quem realmente escolhe.
     Não me perguntem a ordem da minha lista, só me lembro que coloquei vários países da Europa, porque queria fugir desse núcleo que é Estados Unidos e Austrália. Me lembro que em primeiro lugar coloquei Suécia, e a primeira pergunta que me fizeram durante a entrevista foi: Por que Suécia? “Por que Suécia?” repeti mentalmente, e automaticamente a imagem de meninos loiros de olhos azuis, lindos, vinha a minha mente. Não me lembro o que respondi aos entrevistadores, seja lá o que for, não convenceu mesmo.
     Depois de três ou quatro meses de escuridão, ansiando por saber “pra onde diabos vou”, recebo um telefonema e a voz diz “Marina, você vai pra Holanda”. Não sei porque foi tanta alegria. A Holanda era tipo a quarta ou quinta opção, e eu nem pensava muito nela, mas quando recebi a notícia me apaixonei. No momento pensava que não existia país no mundo que me servisse melhor. Parecia perfeita a idéia de uma experiência de vida no país dito o mais liberal, aberto, tolerante. A legalidade das drogas, pioneirismo na regulamentação do casamento homossexual, descriminização do aborto e da eutanásia, profissionalização da prostituição, uma população em que mais da metade se declara sem religião - eram os motivos que eu justificava o “Por que a Holanda?”. Acreditava que um Estado com leis tão abertas só poderia ser resultado de um povo “open minded”, característica que gosto de destacar em mim mesma.
     Adianto à vocês que eu bem caí do cavalo, e que tudo isso se revelou uma enorme ilusão. Mas entraremos em detalhes ao decorrer das próximas sextas-feiras.
     Para concluir, volto à minha apresentação, e cabe dizer que nunca escrevi pra blog ou nada do gênero anteriormente, que sou uma virgem no aspecto. Não tenho muita certeza de que informações mais interessam ao público, portanto estou super aberta à sugestões, reclamações, lamúrias.
     Valeu galera e até semana que vem.

4 comentários:

Xila disse...

Ualll

que aventura meuu...


Mas você...
na época em que foi para a Holanda, cursava o ensino médio neh?Escola pública?
"Terminou" os estudos lá?


"...de saber como pessoas de outras culturas comportam-se, relacionam-se, falam, cheiram, brincam, beijam..."

¬¬
Seii viu D. Marina...
huauhahuuha

Isabéla Clude disse...

Não sei se você sabe o quanto eu sou sua fã :)
você foi ótima,
um beijo fidida.

Vinicius disse...

Nossa, mas ficou ótimo!

A!!ªN disse...

Que legal...
caramba 16 anos...?

se tava louca?

quero saber por que você caiu do cavalo...

gostei do seu post...
parabéns.

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