sábado, 9 de janeiro de 2010

Lula, o cara da vez

Por Mateus Martins


     O nosso presidente está em um momento de glórias, sendo reconhecido internacionalmente por gente importante. Lula, que era taxado a pouco tempo de "analfabeto", "sem classe", e que era criticado pelo seu estilo nada de acordo com os padrões e às exigências de uma postura presidenciável, agora é exemplo para qualquer político e elogiado até pela oposição.
     Pois bem companheiros, podemos dizer que é um presidente nunca antes tido na história desse país. Lula chegou a ser reconhecido em 2009 por Obama, por Sarkosy, e por tantos outros grandes governantes. Foi considerado o homem do ano pelo jornal francês "Le Monde". Nada poderia ser melhor para Lula, e por isso, o "Abra Aspas" o elege como a principal personalidade do ano passado, desbancando o presidente americano.
     Mas não estou aqui para somente elogiar o seu trabalho, minha intenção é outra. Embora coisas positivas tenham acontecido no governo Lula, não justifica o menosprezo, realizado por ele e pelo seu partido, às administrações anteriores.
     Quem ouve os seus discursos tem a impressão de que todas as glórias se devem a Lula, como que se o Brasil fosse uma desgraça antes de seus mandatos. Não se pode ignorar os governos anteriores, que também contribuíram para a ascensão do país e possibilitaram que esse momento vivido pelo Brasil acontecesse.
     É como disse o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB): "Se um extraterrestre pousasse sua nave aqui na Praia do Flamengo, ia achar que o Brasil foi descoberto em 2003, que não existia nada antes disso, que tudo foi feito de lá para cá. Isso não é verdade. A grande ruptura se deu com o Plano Real e com o fim da inflação. A partir daí, tivemos um período de continuidade. Reconheço que no governo Lula  avançou-se nos programas sociais. Mas agora a agenda é outra. O Brasil não foi descoberto em 2003."
     Mas o pior é que Lula não aceita receber críticas, ele logo vem com uma resposta irônica e agressiva.
     É certo que o Lula é um dos melhores presidentes que esse país já viu no poder, aquele que consolidou o Brasil entre as grandes potências mundiais, quem contornou a crise que aterrorizou o mundo capitalista, quem avançou no âmbito econômico e social. No entanto, ele não pode desconsiderar governos anteriores, muito pelo contrário, deve-se o seu merecido reconhecimento.
     Portanto, quando o presidente Lula enaltece os seus feitos com o famoso bordão, "nunca antes visto na história desse país", ele tem sim seus méritos e isso é incontestável, mas há de se dar a devida consideração pelo que foi realizado antes dele, porque se não ele estará sendo contraditório, já que faz uma política muito parecida com a do governo anterior, caracterizando uma continuidade da forma de governar.
     Pois bem, é isso. Desejo toda a sorte e sucesso a Lula para que possa impulsionar ainda mais nosso país nesse seu último mandato, mas só faço uma ressalva, que mude o seu discurso egocêntrico, em alguns momentos.

9 comentários:

Isabela Clude disse...

É, citar o tal 'discurso egocêntrico' foi bem lembrado e colocar em pauta as visiveis mudanças do giverno Lula também foi muito importante!
Parabéns (: otimo texto.

Mateus Martins disse...

Obrigado!!

Lula faz um governo impecável isso não se pode negar, mas ele tem um discurso falho. E isso também tem que ser lembrado

Anonymous disse...

As palavras de um homem tem que ser bem moderada e pensada, pois são estas que ficarão para a história. Uma grande prova disso é Machado de Assis que em vida foi pouco reconhecido, mas seu discurso hoje é estudado e contemplado mundialmente.
Dani Stella

Mateus Martins disse...

Arrasou Dani!

É isso mesmo, as palavras ficam para a história.

Adriana disse...

Parabéns! Muito bom, adorei.
Adriana

Rodolfo disse...

Sobre Lula ter sido eleito o homem do ano pelo "Le Monde", acho que era algo de se esperar... 2009 foi o ano da França no Brasil, o presidente está comprando caças franceses, enfim... Há motivos de sobra para se manter um bom relacionamento entre França e Brasil. Achei meio previsível essa classificação do jornal.

Abraço e sucesso no blog :)

Mateus Martins disse...

Tem razão!

Com certeza o "Ano da França no Brasil" influenciou e muito para Lula adquirir tanto prestígio com Sarkosy e com os franceses em geral.

João Luis disse...

Nenhum governante pode ignorar o que o governante anterior construiu; o Gen. Ernesto Geisel iniciou abertura política do Brasil, sobre a qual afirmou que a redemocratização do Brasil seria um processo "lento, gradual e seguro".
Extinguiu o AI-5, e preparou o governo seguinte (João Figueiredo) para realizar a anistia política e a volta dos exilados, mas sem que retomassem seus cargos políticos.
O Gen. João Figueiredo fez o que lhe foi destinado fazer e retomamos a democracia. Tancredo eleito morreu e Sarney assumiu 6 anos de um governo de desencontros e sem planejamento, na verdade seu único plano era a perpetuação da elite no governo. Collor, o primeiro presidente a ser expulso do governo foi também quem mostrou o caminho e deu continuidade na abertura política e econômica do pais. Por isso foi expulso e pela mesma elite que Sarney queria perpetuar no poder. FHC encontrou um pais aberto, livre política e economicamente, bastava um bom plano para vencer a inflação e ele o fez, mas esqueceu-se dos pobres deste pais, esqueceu que quem nunca teve nada não tem como sonhar com algo melhor e assim governou dois mandatos. Lula alem de dar continuidade devolveu a mais de 70% da população brasileira a esperança de poder sonhar novamente e por isso também governa seu segundo mandato e não porque é o homem do ano ou tenha recebido tantas menções. Mas apenas porque olhou para os pobres.
Agora a grande pergunta é, quem pode conciliar FHC e Lula e dar continuidade nisso com ética e justiça???

Mateus Martins disse...

Falou tudo.

Apesar de não concordar que FHC não gorvernou para pobres, uma vez que ele criou programas sociais que foram desenvolvidos no atual governo, mas o importante é que a origem foi com o PSDB.

Gostei do seu "remember" da história do Brasil.

E realmente, o que precisamos é conciliar FHC e Lula. E foi o que o Serra prometeu, vamos ver.

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